Machado de Assis (I)
"Depois de acompanhar a curva dessa existência até o momento da morte, algo de perturbante subsiste que não podemos antender. Isso acontece, sem dúvida, em relação a cada vida humana, mas é particularmente certo no caso de Machado, cuja reserva dificulta a compreensão dos seus verdadeiros objetivos. Quem foi esse filho do povo que acabou por exibir semelhante padrão de superioridade pessoal, esse descrente que se alimentava de Pascal e no Eclesiastes, esse requintado que, apesar de sua diferenciação dominou a inteligência do país? Que estranhas coisas nos queria dizer com as suas sugestões e suas meias-tintas? E finalmente, qual foi o pensamento profundo que dominou a sua existência e deu-lhe a força necessária para concluir sua obra?"
Barreto Filho, Introdução a Machado de Assis & outros ensaios