Livre arbítrio e perpetuação da espécie
"Como a mente individual não pode se descrever em sua totalidade, nem um pesquisador externo pode fazê-lo, o eu - a celebridade nas conjunturas da consciência - pode continuar acreditando ardentemente em sua independência e livre-arbítrio. Essa é uma circunstância darwiniana muito feliz. A confiança do livre-arbítrio é uma adaptação biológica. Sem ela, a mente consciente, no máximo uma janela escura e frágil para o mundo real, seria amaldiçoada pelo fatalismo. Como um prisioneiro confinado perpetuamente na solitária, privado de qualquer liberdade para explorar e sedento de surpresas, ela iria se deteriorar. Então, o livre-arbítrio existe? Sim. Se não na realidade definitiva, pelo menos no sentido operacional necessário à sanidade e, assim, à perpetuação da espécie humana."
Eward O. Wilson, O sentido da existência humana