Capitalismo, guerra e desastres ecológicos

12/07/2022 13:08

 

“Já se sabe que o futuro não constitui enigma algum. A prova é que qualquer série distópica acerta em seus prognósticos. A partir do momento em que a imaginação política não pode mais conceber uma sociedade pós-capitalista e de um modo veraz dar conta da saída dessa ordem de dominação, o mundo parece se dividir apenas entre os que aceleram a destruição e os que tentam preveni-la. Aqueles que mantêm uma atitude preventiva frente à catástrofe potencial em que se vive vão perdendo a batalha frente aos que aceleram a catástrofe.

 

Na medida em que esse confronto ocorre dentro do capitalismo, no que poderíamos chamar de seu ecossistema, é difícil vencer a batalha contra a aceleração. O capitalismo em sua essência é uma máquina acelerada que nenhum desastre, seja ecológico, sanitário ou militar, pode frear. Em todos os cenários, nos mais horrendos, o mercado pode continuar e a redução da vida à equação custo-benefício também. Portanto, o célebre freio de mão defendido pelas esquerdas e os movimentos populares e nacionais continuarão funcionando cada vez mais acentuadamente de um modo intermitente, no interior de um regime existencial de direitas.”

 

Capitalismo e militarização do mundo, artigo de Jorge Alemán, psicanalista e escritor, publicado por Página/12, 10-07-2022 e no jornal IHU Unisinos em 12/7/2022