capitalismo em crise

22/04/2022 16:02

 

“Isso começou a se manifestar nos Estados Unidos (EUA) ao final dos anos 1960 e nas principais economias europeias na metade dos anos 1970: enquanto a taxa de produtividade começou a apresentar queda, os salários reais mantiveram sua trajetória ascendente, resultando em queda da taxa de 

lucro e inibindo o investimento. Instalada a crise, que provocou o fechamento de empresas e bancos e a volta do desemprego (que havia sido esquecido pelos trabalhadores durante 30 anos depois de finda a Segunda Guerra Mundial), e mediante a ineficácia de políticas keynesianas anticíclicas para fazer frente a ela, foi retomado o pensamento liberal sobre os princípios norteadores da política macroeconômica e sobre o papel ou lugar do Estado. Esse pensamento, na sua forma mais acabada e radicalizada, é o que se convencionou chamar de neoliberalismo. De forma resumida, podemos dizer que isso significou atribuir ao mercado a centralidade na determinação da economia, o que implicava, necessariamente, promover a desregulamentação de todos seus componentes, tais como o mercado de trabalho, a proteção social, o sistema financeiro, entre outros. Além da privatização que decorreu do questionamento do papel do Estado, resultando na venda de empresas e na entrega para o mercado da exploração da prestação de serviços e ações até então sob sua responsabilidade, a liberdade concedida aos “investidores institucionais” pelos 3 Ds permitiu que empresas passassem a ser controladas não só por estrangeiros, mas por estrangeiros que têm como único objetivo obter altas taxas de rentabilidade e no curto prazo. Esses estrangeiros, que podem ser fundos de pensão, por exemplo, não têm nenhum compromisso de médio ou longo prazo com a empresa, de modo que não têm interesse em investir ou preservar o nível de atividade ou o número de empregos.”

 

 

Paulo Marques Rosa, O capitalismo em crise